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Desesperança Financeira


A vida financeira anda de mal a pior para muita gente no Brasil, e os números não mentem. O último Relatório PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgado até o fechamento desse artigo pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), reforça um cenário que já é conhecido: o alto endividamento do trabalhador brasileiro. Com 78,8% das famílias endividadas, segundo o levantamento, fica claro que a saúde financeira da população está longe de ser a ideal e que as políticas públicas para “sanar/reduzir” o número de endividados não tiveram impacto nos hábitos financeiros. A oferta de linhas de crédito, mesmo as mais baratas, está longe de ser uma solução, pois sem controle financeiro as pessoas acabam por aumentar o próprio endividamento.

E essa bola de neve de dívidas tem consequências devastadoras.

Analisando o comportamento dos endividados, percebe-se que a utilização de linhas de crédito vem contribuindo para o aumento do endividamento das famílias brasileiras. Com relação a  isso, o cartão de crédito com 86,4% destaca-se como o  maior vilão no volume do endividamento das pessoas, seguido pelo pagamento de carnês (16%) e do crédito pessoal com 9,9%. Vale destacar que 65% do gasto com cartão de crédito é realizado para pagamento de compras essenciais como o supermercado e que cerca de 29,4% estão inadimplentes na modalidade. O que reforça a importância de programas de bem-estar financeiro que provoquem mudança de comportamento que afetam diretamente a saúde financeira.

 

Então, vamos falar sobre a qualidade de vida. O aperto no orçamento afeta diretamente o bem-estar das pessoas. Quando falta dinheiro, muitos são obrigados a cortar gastos essenciais, como alimentação saudável, lazer e até cuidados médicos. Essa limitação financeira mina a qualidade de vida e aumenta o estresse. O que nos leva ao próximo ponto: a saúde física e mental

A falta de dinheiro não dói só no bolso.

Ela causa ansiedade, insônia e pode desencadear problemas mais graves, como depressão e burnout. É um ciclo vicioso: o estresse financeiro leva a problemas de saúde, que, por sua vez, aumentam os gastos e pioram ainda mais a situação financeira. Muita gente "sofre calada" com esses problemas, com medo de admitir que não consegue lidar com as contas e, muitas vezes, sem saber onde buscar ajuda.

Projeções da CNC mostram que o aumento do endividamento deve continuar, com o percentual de famílias com dívidas em atraso seguindo a mesma tendência ao longo do segundo semestre.


E isso não fica só no âmbito pessoal. A produtividade no trabalho também cai. Um funcionário endividado está sempre preocupado, distraído e pode acabar faltando mais ao trabalho por conta de problemas de saúde. O absenteísmo aumenta e a performance cai. Empresas que não se dão conta disso e não oferecem suporte acabam pagando um preço alto, com resultados ruins e alta rotatividade de funcionários. 

A questão é tão séria que afeta diretamente os resultados das empresas. Funcionários estressados e desmotivados não rendem como deveriam, e o impacto na produtividade é direto. É por isso que cada vez mais se fala na importância de programas de saúde e bem-estar nas empresas, que busquem tratar a causa raiz das dores dos funcionários. E o RH tem um papel fundamental nisso.

Profissionais de recursos humanos precisam estar atentos a esses sinais e criar iniciativas que promovam o bem-estar financeiro como um pilar do equilíbrio em saúde mental. Oferecer educação financeira, apoio psicológico e até mesmo facilitar o acesso a serviços de renegociação de dívidas pode fazer uma grande diferença.

Observe que as classes de menor renda (até 5 SM) tiveram aumento do endividamento, mesmo com os maiores percentuais de inadimplência. Já a classe de maior renda (acima de 10 SM) teve aumento das dívidas em atraso. Se cada responsável pelo RH fizer a equivalência (cargo/salário), entenderá o nível de endividamento de seus colaboradores e os prováveis impactos no resultado da empresa.


Infelizmente, ainda é comum vermos casos de burnout, depressão e ansiedade sendo tratados sem um olhar profundo sobre a causa raiz. Muitas vezes, o problema principal é financeiro, mas falta essa percepção. Por isso, é urgente que as empresas e a sociedade como um todo comecem a olhar para o endividamento e a inadimplência não apenas como um problema econômico, mas como uma questão de saúde pública. 

Atenção para a alta do volume de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso na maioria das faixas de renda, ou seja, mais de 35% (de 0 – 10 SM) do quadro de funcionários estão com alto risco de se tornarem inadimplentes por não saber como lidar com seus problemas financeiros.


A "desesperança financeira" não afeta só o bolso. Ela corrói a alma, mina a saúde e destrói sonhos. Enfrentar esse problema requer uma abordagem integrada, em que educação financeira e suporte emocional caminhem lado a lado. Somente assim será possível reverter essa situação e devolver às pessoas a chance de uma vida mais equilibrada e saudável.

 

Agora você, profissional de RH, sabe a causa raiz dos problemas que impactam o bem-estar e a produtividade na sua empresa?  Como tem medido a motivação dos funcionários? Quais ações você está tomando para proporcionar bem-estar e educação financeira?


por José Roberto Falcone

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Um abraço,

 

SD Positivo.

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