Como aponta o levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 4 em cada 10 brasileiros estão inadimplentes, o que corresponde a 66,6 milhões de pessoas segundo a SERASA EXPERIAN. Ainda, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) trata-se da oitava alta consecutiva do indicador da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, que vem crescendo desde outubro de 2021. A CNC também indica que, em maio/22, o comprometimento médio da renda familiar com dívidas chegou a 30,4%, o maior percentual desde agosto do ano passado. Do total de endividados, 22,2% precisaram de mais de 50% da renda para pagar dívidas com bancos e financeiras, proporção mais elevada desde dezembro de 2017.
Talvez, ao olhar para esses números, você possa pensar que o problema tenha sido causado pela pandemia ou pela recessão da economia do Brasil e no mundo, disparando o preço dos alimentos, dos combustíveis, dos juros, dos serviços... ou seja, do custo de vida como um todo. Só que não! Esses números crescem ano após ano e estão diretamente relacionados à falta de educação e segurança financeira.
O fato é que as famílias brasileiras estão mais endividadas e o reflexo disso extrapola o círculo familiar desses 66 milhões de brasileiros.
Engana-se quem acredita que esse problema está fora das empresas e que não interfere diariamente no clima organizacional, na saúde física, mental e performance dos colaboradores. Da mesma forma, engana-se quem trata o problema de forma superficial sem entender as principais dores dos colaboradores causadas pelo desequilíbrio financeiro. Sabemos que 43% dos trabalhadores têm a performance do trabalho impactados pelo desequilíbrio de sua vida financeira e que 73% têm reflexo direto na sua saúde pelo mesmo motivo.
Estar inadimplente causa um sentimento de impotência que bloqueia a racionalidade e as tomadas de decisões e limita a noção de prioridade sobre o que é essencial. Diante dessas circunstâncias, podemos nos deparar com algumas dessas questões: pagar o banco ou pôr comida na mesa? Pagar as contas de consumo ou as parcelas da casa e do carro financiados? Pagar ou não a totalidade da fatura do cartão de crédito? Essas são situações bastante comuns e que causam dor, afligem e agravam o processo de adoecimento de trabalhadores todos os dias.
E sabe o que é pior?! Ainda não foi inventado um comprimido para curar esse tipo de dor e as empresas parecem não perceber o real impacto que o desequilíbrio financeiro dos colaboradores e, por conseguinte, o aumento do absenteísmo, do presenteísmo e de afastamentos com o número de doenças e sintomas físicos e emocionais causam nos negócios e no caixa.
Ao contrário do que pregam muitas iniciativas atualmente, o início do tratamento não é conceder crédito, mas sim uma mudança de comportamento e o como aprender a planejar suas reservas para obter segurança financeira em qualquer fase da vida. Para melhor ilustrar isso, saiba que o volume do crédito consignado bateu o recorde de desembolso em janeiro desse ano com um crescimento de 14%, coincidindo, inclusive, com o período da pandemia. Segundo o Banco Central, desde janeiro de 2020 foram concedidos mais de R$ 54 bilhões em novos empréstimos que não corroboraram com a redução da inadimplência, mas ajudou a aumentar o número de endividados, o de inadimplentes, e consequentemente, o lucro dos bancos, fintechs e financeiras.
É necessário entender a causa raiz dessas dores e ajudar os colaboradores a conhecer o porquê por traz das seus hábitos de compra que acabam influenciando suas decisões financeiras e os impactos diretos em suas vidas dentro e fora das organizações.
As empresas deveriam investir em novos métodos de aprendizagem para auxiliar o colaborador a superar velhos hábitos, proporcionando um desenvolvimento contínuo, leve e sem sofrimento. Contar com soluções tecnológicas é fundamental para o processo, tornando-o mais ágil e prático para desenvolver novas competências que contribuam de forma direta para o crescimento pessoal, o aumento do engajamento, da produtividade, com a melhora da qualidade de vida, na redução de doenças e sintomas emocionais, no relacionamento entre as equipes e no clima organizacional.
por José Roberto Falcone
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