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DE VOLTA AO AZUL

Atualizado: 7 de jun. de 2019

Dicas valiosas para administrar o caixa da empresa, negociar com fornecedores e planejar o pagamento das dívidas nos momentos de crise.

Há cinco anos, José montou uma pequena loja de artigos de decoração numa porta de garagem próxima à sua casa.

Teve muita sorte e em pouco tempo, seus produtos caíram no gosto dos clientes. Gente vinha de longe para comprar lá. Mais tarde, animado, foi ao banco e pediu R$ 100.000 emprestados para reformar e ampliar suas instalações, decorar melhor o lugar, comprar mais matéria-prima, contratar funcionários mais especializados. Mas, dois meses depois, a economia entrou em recessão e as vendas desabaram.


Então, ele viu-se numa enrascada, tendo de administrar estes números:

  • Quinze empregados, sendo que cada um recebia em média R$ 1.200,00 por mês, num total de R$ 18.000,00.

  • Encomendas feitas a fornecedores no valor de RS 30.000,00 mensais.

  • Dívida de R$ 100.000,00 com o banco, que, em seis meses, chegaria a quase R$ 180.000,00.

  • A receita, que chegara a R$ 50.000,00 mensais no passado, girava hoje em torno de RS 20.000,00.

Ou seja, de um mês para o outro, o buraco no caixa aumentava em quase R$ 50.000,00.


A história de José é fictícia, mas, com números e personagens diferentes, repete-se com frequência enervante em todas as cidades brasileiras.


Como sair dessa?

A pedido de “Seu SUCESSO”, José Roberto Falcone estudou maneiras de reorganizar a casa, de forma a contornar a crise e voltar ao azul. Falcone trabalha há 10 anos em instituições bancárias com renegociação de dívida. Ele também é diretor de marketing do site www.saldodevedor.com.br, portal que orienta pessoas físicas e jurídicas a controlar o orçamento e negociar dívidas.

Aqui, ele dá dicas de como agir quando o seu negócio entra em crise. "Não há fórmula para resolver esses problemas, pois cada empresa tem uma realidade diferente", ressalva Falcone. "Existem, no entanto, práticas e cuidados que podem ser úteis a todas."


1 - Procure as respostas no mercado

Antes de amarrar parte de seu futuro a uma renegociação de dívida, empenhe-se em descobrir os motivos do desequilíbrio do caixa. A falta de dinheiro, o endividamento e o prejuízo nada mais são do que sintomas de que algo não vai bem na empresa - e é o mercado que poderá dar as pistas da razão disso. Faça a pergunta crucial, mas seja realista na resposta: ainda há demanda para o meu produto ou serviço? Por meio da análise da atual situação da empresa no mercado, é possível dizer se a crise é temporária ou se é o começo do fim, o que exigirá que o empreendedor repense o foco do seu negócio.


A concorrência pode dar uma ajuda valiosa porque dá parâmetros fundamentais: qual é o mercado que os rivais vêm atingindo? Meu o produto tem a mesma qualidade? Quais são os pontos fortes e fracos?


Com os dados que o mercado fornece, você poderá se abastecer de informações para velejar com relativa tranquilidade enquanto as águas ainda estão revoltas. Ou, de maneira menos poética: redefinir as metas de maneira conservadora, baseado na nova realidade e de acordo com o fluxo de caixa disponível.


Com as novas metas na mão, é hora de rever os custos fixos da empresa (já que os custos variáveis são proporcionais à demanda da produção) e priorizar as contas mais importantes a serem pagas. Mesmo em tempos bicudos, vale dizer que a prioridade continua sendo o pagamento aos fornecedores e aos colaboradores. Caso contrário, o negócio para de funcionar.


O que vai determinar onde devem ser feitos os cortes é a nova realidade da produção. Tenha em mente que o seu objetivo a curtíssimo prazo é voltar ao positivo. Caso se habitue a viver no vermelho, a situação fugirá do controle.


Com planejamento e hierarquização das prioridades, desde que a crise seja temporária, o empreendedor poderá começar a trilhar o caminho para voltar ao azul.


2 - Não esconda a verdade com desculpa esfarrapada

Se a intenção é fazer a sua empresa voltar a ser lucrativa, não deixe qualquer tipo de pendência com os seus colaboradores (fixos ou terceirizados). Funcionários desmotivados podem comprometer a qualidade e representar uma perda na fatia de mercado.


Demonstre claramente aos seus colaboradores a situação econômica atual e peça a ajuda de todos para reverter o quadro. Na maioria das vezes, o funcionário que trabalha diretamente na linha de produção enxerga com mais clareza onde há desperdício de material do que o gerente da empresa. Incentive as pessoas a participar do negócio. O investimento que esse tipo de atitude exige é mínimo, e o retorno pode ser bastante positivo.


3 - Negocie com os fornecedores incansavelmente

Por mais que a relação com os fornecedores esteja ficando complicada devido a atrasos no pagamento, também não interessa a eles que você quebre. Perder cliente não tem graça para ninguém.


Mas, antes de iniciar qualquer renegociação, refaça o fluxo de caixa de acordo com a situação atual. Também é muito importante que os prazos para você pagar suas despesas estejam adequados à sua nova realidade. Para funcionar, tudo deve estar em sincronia.


Lembre-se de que ficar inadimplente com o fornecedor significa não poder mais parcelar o pagamento. Com isso, toda a compra de matéria-prima deverá ser feita à vista. É um complicador, uma vez que isso onera ainda mais o negócio.


Começar verificando a relação custo-benefício com novos fornecedores pode ser uma saída para a redução de custos. Um exemplo:

Se o seu negócio é um pequeno supermercado, é provável que o poder de compra dos seus clientes também caia em épocas de crise. Portanto, pode ser uma boa hora para você oferecer um produto menos conhecido, porém mais barato.


Paralelamente, procure seus fornecedores atuais e tente negociar para chegar a um acordo quanto a novos prazos de pagamento, redução de juros para compras a prazo e melhores condições para dar continuidade à parceria. Jamais tire isto da cabeça: fornecedores devem ser parceiros porque sua empresa depende deles para viver, mas eles também dependem de escoar a produção para continuarem existindo.


4 - A negociação com os bancos

Caso os compromissos assumidos pela empresa com o banco estejam muito além do simples capital de giro, cuidado. A inadimplência nesse campo pode estar fechando portas para que você consiga manter o seu negócio. Resolva o problema o quanto antes, pois fica difícil visibilizar uma solução rápida dentro das condições adotadas pelos bancos sem aumentar o capital em dívida junto à instituição.


O resultado da relação capital tomado vencido versus o tempo são juros e mais juros, a chamada "bola de neve". A melhor saída é renegociar. Não é constrangimento algum. Tome apenas estas precauções:

  • Caso possua dívidas vencidas, solicite prazos para o pagamento e recálculos a juros menores do que os já acordados. Tenha certeza de que não é conveniente para os bancos deixar de receber.

  • Nunca tente explorar essa situação, deixe de lado a ideia de levar vantagem em tudo. Os melhores resultados serão obtidos quando todos tiverem a mesma sensação de ganho.

  • Pensamentos do tipo agora- ou-nunca são prejudiciais para credor e devedor.

Mantenha a relação de parceria e demonstre a sua realidade financeira. Nessa hora, o melhor é estar aberto a qualquer solução apresentada. Analise e, se for o caso, estude contrapropostas que não fujam da sua realidade.


Se as perspectivas de "sair do vermelho" a curto prazo são altas, uma opção é solicitar um refinanciamento da dívida a juros menores. Essa é uma boa opção, desde que não se torne um hábito. Outro caminho para os pequenos negócios é se aproveitar do refinanciamento para transformar as dívidas em uma só, mais fácil de ser administrada.


Por fim, você melhor do que ninguém sabe o quanto vale o seu negócio. Por isso, não deixe de lado todos os percalços pelos quais já passou. A sua experiência/história sempre será fator determinante para remover todos esses obstáculos.


Corte o S da sua criSe: CRIE.

Fonte: Revista Seu SUCESSO

Por José Roberto Falcone

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