No relatório de junho publicado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou que 78,5% das famílias brasileiras estão endividadas, e que 4 em cada 10 consumidores com dívidas atrasadas não tem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, o que representa a maior proporção desde agosto de 2021.
Mas, o que isso significa?
Mês passado, estávamos conversando com um executivo de recursos humanos que queria saber se ele estava no caminho certo para ajudar os profissionais da empresa que estavam nesta situação.
Ele implementou o serviço de crédito consignado aos funcionários e ficou surpreso com a alta adesão deste benefício.
A iniciativa é boa, mas alguns riscos precisam ser mitigados.
Pense em um funcionário que tem uma dívida que consome metade do salário. Trocar esta dívida por uma outra que tem uma taxa de juros menor, maior prazo e que consome 30% do salário parece uma ótima solução, não é? A princípio, sim. Mas, ele continua endividado. Se este funcionário continuar gastando da mesma forma e não mudar os seus hábitos de consumo, provavelmente ele vai contrair novas dívidas, afinal, se ele não conseguia viver com 100% do salário, como é que ele vai viver com 70%?
Foi isso que aconteceu com um supervisor de vendas da empresa. Ele comprou um carro novo e ficou felizão. Contraiu uma dívida financiada em 5 anos onde a parcela do mês cabia no bolso. Ele também comprou um fogão novo, uma geladeira e uma secadora para pagar em 10x sem juros no cartão de crédito, já que no ano passado ele recebeu 2 salários de prêmio por participação dos resultados, mas este ano o prêmio não veio. Ele até tinha financiado a viagem com a família para o final de ano contando com este bônus. Além disso, ele esqueceu de planejar as parcelas do seguro do carro e o IPVA. As dívidas ultrapassaram o salário e ele entrou no cheque especial. Não conseguiu pagar o cartão de crédito e duplicou a dívida que tinha.
Ele até aproveitou o programa do governo pra ver se desenrola, renegociou algumas dívidas, limpou o nome e assinou uma confissão de dívida. Porém, ele pode ter os bens comprometidos e até ser processado se ele não pagar. Agora com o nome limpo ele volta a ter crédito, mas precisa de orientação financeira para não se enrolar e voltar a se endividar.
Será que os funcionários endividados ou inadimplentes estão seguros quanto a sua capacidade de honrar suas dívidas sem comprometer a sua saúde e seu desempenho no trabalho? Dar crédito sem orientação financeira é o mesmo que mascarar uma doença silenciosa.
Quem deve, teme!
Você, profissional de RH, consegue identificar os profissionais que estão superendividados ou inadimplentes? E se consegue, o que você pode fazer a respeito?
Por Roseli Falcone Ramos e José Roberto Falcone
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