Quer Apostar?
- falcone63
- 1 de set.
- 4 min de leitura

Como as bets estão detonando o bolso, a mente e a vida de milhões de brasileiros — e porque as empresas precisam entrar nesse jogo (pra proteger, não pra lucrar).
Se antes o risco era perder R$ 50 no bingo do bairro, hoje ele está no bolso do jovem de 20 e poucos anos que, com o celular na mão, aposta o salário inteiro numa bet qualquer da internet. E quando a sorte não vem — e ela quase nunca vem — o prejuízo não é só financeiro. É mental, emocional e, em muitos casos, fatal.
É isso mesmo que você leu: apostar virou rotina, vício, obsessão. E o buraco que se abre não é só na conta bancária — é na qualidade de vida, nas relações familiares, na produtividade e até na saúde mental. Enquanto o país discute regulação, um exército silencioso de endividados cresce, e junto com ele, os índices de ansiedade, depressão e ideação suicida e nesse ponto caro leitor é quando o jogo passa do ponto.
Bingo, poker, loteria, jogo do bicho... A aposta sempre fez parte da cultura popular. Ela carrega aquele tempero perigoso de esperança fácil misturada com a ilusão de que “dessa vez vai dar certo”. Só que hoje a tecnologia potencializou essa tentação a um nível inédito.
As bets — plataformas de apostas esportivas, cassinos online e joguinhos de azar disfarçados de "diversão" — transformaram o vício em produto escalável. Com design colorido, bônus irresistíveis e notificações que piscam como sirenes na mente, elas usam o que há de mais sofisticado em neurociência comportamental pra manter o usuário apostando, perdendo, apostando de novo... e se endividando mais.
Se você acha que é exagero, pense no seguinte: as bets não ganham quando você vence. Elas ganham quando você perde. E perdem feio quando você para de jogar. Então fazem de tudo pra te manter lá dentro, mesmo que isso custe a sua paz, o seu dinheiro e, em casos extremos, a sua vida. Esse é o lado sombrio da aposta.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecem desde 2018 a Ludopatia — o vício em jogos de azar — como transtorno mental. E não é à toa. O comportamento compulsivo, o descontrole emocional e o ciclo de perda-esperança-perda consomem o cérebro, corroem a autoestima e detonam relações pessoais.
Estudos recentes apontam que pessoas endividadas por conta de jogos têm maior risco de desenvolver depressão severa, transtornos de ansiedade e pensamentos suicidas. E esse é o tipo de estatística que a indústria do entretenimento prefere esconder sob a promessa do “jogue com responsabilidade”. Spoiler: quem está afundado em dívidas e desequilibrado emocionalmente dificilmente consegue jogar com discernimento, nesse caso, é uma aposta que sempre perde e tem impacto na vida real.
O ciclo é quase sempre o mesmo: a pessoa começa apostando pouco, ganha uma vez e se sente sortuda. Depois perde, tenta recuperar, perde de novo e, quando vê, já comprometeu o salário, pegou empréstimo, estourou o cartão e começou a mentir em casa. A dívida vira angústia. A angústia vira insônia. A insônia vira afastamento no trabalho. E a produtividade, claro, despenca.
O resultado? Um funcionário presente fisicamente, mas completamente ausente emocionalmente. Um profissional que não consegue se concentrar, que vive no automático, e que tem vergonha de pedir ajuda.
E isso não é mais exceção. Está acontecendo com muitas pessoas todos os dias, inclusive dentro das empresas.
Se engana quem pensa que isso é “problema pessoal”. O endividamento por jogos já se tornou uma questão de saúde corporativa. Um funcionário financeiramente desequilibrado custa caro. Ele adoece mais, entrega menos, falta mais e tem maior chance de pedir demissão ou ser desligado.
É por isso que o bem-estar financeiro precisa entrar de vez na pauta das empresas. Não dá mais pra fingir que o bolso do colaborador é assunto dele. O papel das lideranças e dos departamentos de RH é criar ambientes seguros para falar sobre dinheiro, oferecer apoio estruturado e investir em educação financeira com foco real na vida das pessoas — não só nas metas da companhia.
Programas como os oferecidos pelo SD Positivo são um exemplo de como é possível atuar na raiz do problema, com acolhimento, renegociação de dívidas, orientação prática e zero julgamento. Mais do que ferramentas, é uma questão de cultura. Uma cultura de cuidado.
Quer apostar? Aposte na prevenção.
Porque o jogo mais importante é o da vida. E esse, ninguém pode perder.
E aí, você profissional de RH sua empresa já saiu do banco e entrou no jogo (do bem)? Ou está apostando, contando apenas com a sorte?
Por José Roberto Falcone
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Um abraço,
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